Testado pela primeira vez em território nacional, o gás ozônio foi examinado para desinfecção de hortaliças pouco processadas. Essas são normalmente vendidas em supermercados e já são compradas cortadas, descascadas, lavadas e higienizadas.
O ozônio foi testado pela bióloga Elizabeth Biagioni Prestes, que obteve resultados que comprovam a alta eficácia do ozônio contra vários tipos de microorganismos, se mostrando ainda mais potente do que o cloro, produto tradicionalmente utilizado.
Neliane Ferraz de Arruda Silveira, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) foi responsável por orientar Elizabeth. Suas pesquisas apontam que a procura por hortaliças com estas características é cada vez maior, devido à preferência do consumidor por alimentos frescos e práticos simultaneamente.
Entretanto, a bióloga adverte que a manipulação excessiva das hortaliças durante seu processamento pode aumentar os riscos de contaminação, tornando o processo de sanitização extremamente necessário.
Segundo ela, muitas pesquisas a respeito dos compostos clorados, mais utilizados na desinfecção de hortaliças, apontam que os mesmos são tóxicos, mutagênicos e carcinogênicos. Inclusive, sua utilização é proibida em alimentos por diversos países europeus. “Há alguns anos se estuda, no Brasil, alternativas à utilização do cloro em produtos alimentícios, justamente pela formação de resíduos tóxicos e cancerígenos”, explica.
De acordo com Elizabeth, a substituição de ozônio por cloro é uma alternativa que apresenta inúmeras vantagens e que deve ser considerada pelas empresas, visto que o processo não apresenta complicações e necessita de apenas um aparelho ozonizador. Além disso, seu alto poder sanitizante é eficaz mesmo em baixas concentrações e em curto espaço de tempo, fatores que reduzem o custo do processo. Outro benefício é a ausência residual do ozônio, que se transforma novamente em oxigênio molecular sem prejudicar a saúde humana e o meio ambiente.
Os primeiros testes foram com alfaces americana e crespa, agrião e rúcula, sendo que o ozônio foi testado em diferentes concentrações no tempo fixo de um minuto. A fim de obter comparações entre os resultados, a bióloga fez o mesmo processo usando o composto clorado.
Dentre os grupos de coliformes, bolores e leveduras, o ozônio teve um alto desempenho com uma baixa concentração de um miligrama por litro e se mostrou superior aos métodos tradicionais. Além desses benefícios, o ozônio não causou alterações de sabor, frescor ou odor nas hortaliças.